Ele tentou correr para sua casa, mas ao chegar à porta, suas pernas não resistiram. O Sol já havia caído e a Lua imperava na noite. Dessa vez ele não teria tempo para se trancar na jaula. A Lua venceu e a transformação se iniciou... Seu corpo se desfazia e se reconstruia em outro, e a energia liberada era tanta que fazia a àgua no ar se aglomerar. E de repente, em meio daquela enorme nuvem de vapor, eis que surge um lobisomem, de pelos prateados e olhos azuis penetrantes. Os olhos de lobo agora se viravam para a lua e o enorme monstro erguia sua cabeça, uivando, saudando a lua.
O primeiro alvo que chamou a atenção dos olhos de cor anil foi a cidade, Magnólia, quando as luzes a faziam ficar com um tom dourado. A besta correu então, rumo à cidade.Ao chegar, subiu na primeira edificação que pôde ver, e começou a fitar a cidade. Uma construção lhe chamou a atenção, mas não por sua iluminação, por sua altura. Estava decidido a chegar lá. Então começou a saltar, de telhado em telhado, até a bela construção, Catedral Kardia, que, na data, estava vazia.
Subiu as paredes usando suas garras afiadas, e, ao chegar ao telhado, uivou, triunfante. Naquele momento, sua audição podia ouvir um som grave, uma batida. Um coração, que batia muito rápido. A criatura, na penumbra, viu então uma jovem moça. Ela fugia, e o lobo sentia o cheiro do medo dela. Aquilo o deixou faminto, e o animal decidiu segui-la. A jovem correu até uma fonte, que se escondia entre as casas.
Ela não podia ver, mas sentia que alguma coisa a observava da escuridão de seu esconderijo, pronto para atacar, sedento de sangue. De repente, o lobisomem saltou do telhado de uma das casas e investiu contra a garota, jogando-a no chão frio. Na luminosidade, a moça pôde ver o ser que a atacava. Era um enorme lobo de pêlos prateados e hipinotizantes olhos cor-de-anil. Doigyfu tentava lutar contra seu instinto primitivo, resistir à tentação. A fome venceu. A besta abriu a boca, e quando estava prestes a morder a garota, quando, talvez por sorte ou destino, uma nuvem cobriu a lua.
O ser urrou de dor, agora voltando lentamente à sua forma original. Levantou-se, largou a vítima e voltou a fugir pelos telhados de Magnólia, de volta à sua colina, e então desapareceu na madrugada.